Nossa Senhora do Carmo e o Escapulário
Finalmente, não se pode tratar da vida mariana do Carmelo sem fazer menção ao Escapulário, porque do século XV em diante vê-se nele simbolizada as suas relações com Maria: a própria consagração a ela e a especial proteção de Nossa Senhora para com seus devotos que através dele se afiliam à Família Carmelitana. Justamente, o Papa João Paulo II, em sua carta à Família Carmelitana, destaca esta realidade, acrescentando que a mesma devoção constitui “um tesouro para toda a Igreja”, graças à sua simplicidade, valor antropológico e relação com o papel de Maria nas diversas vicissitudes da Igreja e da humanidade.
Por isto, atualmente, no Carmelo, o Escapulário é considerado sinal de duas realidades: da materna proteção da Mãe celeste, que é também a Mãe de Jesus, e da filial consagração a ela. Revestir-se do Escapulário e trazê-lo dignamente, é afiliar-se a uma Ordem eminentemente mariana e participar ao mesmo tempo, do dinamismo de sua vida no mistério da Igreja. Tal postura significa que os valores inseridos na devoção ao Escapulário, como a fé na intercessão da Mãe de Deus em relação ao mais importante interesse humano, a salvação, devem ser realizados sempre, na imitação dos exemplos evangélicos de Maria, superando cada tentação de resultados mágicos.
E a consagração de que se faz referência tem dois pontos essenciais: consagramo-nos a Deus no espírito de Maria, simbolizado pelo Escapulário, porque esta tem como finalidade a consagração a Deus mesmo. Então, mais profundamente Deus nos consagra, doando-nos Maria, a Senhora do Carmo, como Patrona, Mãe e Irmã, e nós nos tornamos consagrados acolhendo este grande dom.
Portanto, o Escapulário mesmo, torna-se sinal da verdadeira devoção a Nossa Senhora. Contém uma íntima, pessoal e contínua exortação, ao menos habitual:
- à invocação e louvor a Maria,
- à imitação de suas virtudes,
- e a oferecer a Deus tudo por meio dela.
Torna-se o Escapulário, expressão concreta do amor e da vontade decisiva de viver a própria existência apoiando-se em Maria, Mãe, Patrona e Irmã. Busca-se nela o perfeito modelo sobre o qual se deseja plasmar a própria vida, sustentada pela oração e pela humildade; pela transparente pureza do coração; pela escuta da Palavra de Deus; pelo serviço dedicado aos irmãos; e sempre na consciência de sua presença no próprio caminho até a Casa do Pai.
PARA APROFUNDAR:
- BOAGA Emanuele. A Senhora do Lugar, Livraria e Editora do Carmo, Curitiba, 1994