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Meditemos com São João da Cruz
“Assim, há muito que aprofundar em Cristo, sendo Ele qual abundante mina com cavidades cheias de ricos veios, e por mais que se cave, nunca se chega ao termo, nem se acaba de esgotar; ao contrário, vai-se achando em cada cavidade novos veios de novas riquezas, aqui e ali, conforme testemunha São Paulo: “Em Cristo estão escondidos todos os tesouros de sabedoria e ciência” (Cl 2,3). Neles é impossível entrar ou aprofundar-se a alma, se não passar primeiro pelos apertos do sofrimento interior e exterior os quais são meios para alcançar a divina sabedoria. Com efeito, mesmo aquilo que nesta vida podemos conhecer dos mistérios de Cristo, não nos é dado alcançar senão depois de muito sofrimento e de grandes mercês intelectuais e sensíveis de Deus, havendo precedido um longo exercício espiritual, porque todas estas graças são inferiores à sabedoria dos mistérios de Cristo, e como disposições para chegar a ela”.
( Cantico Espiritual, 37, 5)
“Oh! Se acabássemos já de entender como não é possível chegar à espessura e sabedoria das riquezas de Deus, tão numerosas e variadas, a não ser entrando na espessura do padecer de muitas maneiras, pondo nisto a alma sua consolação e desejo! E como a alma, verdadeiramente desejosa da sabedoria divina , deseja primeiro, para nela entrar, padecer na espessura do cruz! Era esta a razão que movia São Paulo a exortar os efésios a que não desfalecessem nas suas tribulações, e permanecessem firmes e arraigados na caridade, par que pudessem compreender, com todos os santos, a largura o comprimento, a altura, e a profundidade, e conhecer também a superiminente ciência da caridade de Cristo, a fim de serem cheios de toda a plenitude de Deus (Ef 3,8).”
(Cântico Espiritual 36,13)