Nossa Senhora da Assunção e São José


8- Pintando nossa vida com Teresa... PORQUE DEUS ME AMA?

Livro da Vida 4,3-4

 

3. Bastariam, ó sumo Bem e descanso meu, as mercês que me tendes feito até aqui: trazendo-me, por tantos rodeios da Vossa piedade e grandeza, a uma condição tão segura e a uma casa com tantas servas Suas que me podem servir de exemplo para ir crescendo em Vosso serviço. Não sei como prosseguir ao me lembrar como cheguei à minha profissão,4 a grande determinação e contentamento com que o fiz, a aliança que fiz convosco. Não posso dizê-lo sem lágrimas; e estas teriam de ser de sangue, despedaçando-me o coração, e ainda assim não seria demasiado pelo tanto que depois Vos ofendi.

Tenho agora a impressão de que estava certa em recusar tão grande dignidade, pois a haveria de usar muito mal. Mas Vós, Senhor meu, quisestes ser — nos quase vinte anos em que tenho empregado mal essa mercê — o ofendido, para que eu fosse melhorada. Até parece, Deus meu, que prometi não cumprir nada do que Vos havia prometido, embora na época esse não fosse o meu propósito; mas, depois, prossegui de tal maneira que já não sei o que pretendia. Isso manifesta ainda mais quem sois Vós, Esposo meu, e quem sou eu. Pois é verdade que muitas vezes o sentimento de minhas grandes culpas é temperado pelo contentamento que me dá a compreensão da multiplicidade das Vossas misericórdias

4. Em quem, Senhor, poderiam essas misericórdias brilhar senão em mim, que tanto obscureci com minhas obras más os grandes favores que co­­me­çastes a me conceder? Ai de mim, Criador meu, que não posso me descul­par por nenhuma desculpa ter, só podendo culpar a mim mesma! Para retribuir um pouco do amor que começastes a me mostrar, só em Vós eu poderia empregar o meu amor, o que teria remediado todo o mal. Como não o mereci, nem tive tanta ventura, valha-me agora, Senhor, a Vossa misericórdia.

 


Frei Ivo vem com o pincel vem guiar-nos na pintura da nossa vida sob os passos de Teresa...

 

Na caminhada que Teresa realiza, encontramos três momentos bem diferentes e, ao mesmo tempo, que tem uma profunda relação entre si.

Em primeiro lugar, encontramos uma Teresa que se sente muito segura em seguir aquilo que Deus pede a ela. Teresa hesita em atender o chamado de Deus. Teresa sente que Deus a chama, mas prefere viver do seu jeito, do seu modo.

Em segundo lugar, encontramos uma Teresa que faz a opção por Deus. Uma Teresa que se sente feliz em ter aderido ao chamado do Senhor. Uma Teresa alegre e animada na caminhada que realiza.

Em terceiro lugar, encontramos uma Teresa que, ao longo da caminhada, percebe as suas infidelidades, os seus pecados, as suas fraquezas. Teresa sente que, em muitas oportunidades, todo aquele primeiro entusiasmo de seguir a Deus, cai um pouco por terra e se dá conta que, por vezes, o relaxamento, a rotina e até mesmo a mediocridade ocupam o lugar da alegria, do entusiasmo e da vibração de corresponder ao amor de seu Amado.

Como é bonito de olharmos para Teresa e de vermos todo este processo que acontece na sua vida. Como é bonito de vermos uma Teresa tão humana, tão simples, tão realista e tão consciente do que acontece no seu viver.

ste jeito de caminhar de Teresa de Jesus, acaba se tornando uma luz para a caminhada de cada um de nós.

Todos nós, também relutamos em aceitar e abraçar na totalidade e na radicalidade o convite e a proposta que Deus nos faz.

Porém, no momento em que descobrirmos o amor de Deus por nós, também nós nos entusiasmamos, vibramos e nos animamos em fazer uma caminhada de comprometimento, de adesão com o amor do nosso Amado. E, por causa d’Ele, assumimos com imensa alegria a missão de sermos construtores do seu Reino em tantas e tão diferentes frentes de trabalho. Mas, ao longo da caminhada, quantos são os momentos nos quais nos defrontamos com nossas limitações, com nossas fraquezas, com nossos pecados, com nossas infidelidades. Quantos são os momentos em que nos perguntamos se vale a pena tudo isso; se vale a pena tanta renúncia e tantos sacrifícios; se não seria melhor viver do jeito que todo mundo vive.

Diante de tudo isso, precisamos tomar consciência de que Deus me ama. Deus sabe quem eu sou. Sabe das minhas fraquezas e limitações, mas Deus continua me amando sempre. E me ama com infinita misericórdia. E porque me ama com infinita misericórdia, como diz o Papa Francisco, Deus nunca cansa de me perdoar.

Na verdade, Deus não me ama porque eu mereço, mas me ama porque Ele é misericordioso. Deus não me ama por aquilo que eu faço ou realizo na minha missão. Não. Deus me ama porque Ele é misericordioso. Deus me ama sempre por primeiro e, tudo aquilo que eu faço e realizo, é uma resposta de amor a quem sempre me ama por primeiro.

Quando tomamos consciência desta realidade, então sim, caminharemos com humildade, não achando que nós somos pessoas insubstituíveis e que sem nós, a Igreja ou a Congregação, não irão conseguir mais cumprir com sua missão.

Olhando para este jeito bonito de Teresa de Jesus, seja nas mãos de Deus este “pincel” que se deixe abraçar pelo amor misericordioso de Deus e deixe que Deus faça um lindo “quadro” de sua vida, onde a paisagem que ali aparece é a de um Deus que ama você, do jeito que você é.

 

Frei Ivo Bortoluz OCD

 


                                                                    Vamos rezar com as Irmãs...
 

                                                                         

Ó Santa Teresa de Jesus, caminhai conosco,

Para daí seguirmos contigo...

Infinita Misericórdia de Deus, dá-nos lágrimas, como bem o disse nosso Papa Francisco, “dá-nos lágrimas que purifiquem nossos olhos”, para viver a gratuidade do amor de Deus e dos irmãos.

Diante de Vossa misericórdia Senhor, possamos sob as luzes da humildade acolher os ensinamentos de “Teresa tão humana, tão simples, tão realista e tão consciente do que acontece no seu viver”. Conscientes e felizes na nossa condição de sermos sempre perdoados e amados, perdoaremos e amaremos a todos, tornando-nos missionários(as) de solidariedade.

Assim seja.

Santa Madre Teresa de Jesus

Rogai por nós.