Nossa Senhora da Assunção e São José


30 - COMUNICAÇÃO E MISERICÓRDIA

Livro da Vida 10, 1,2

 

1. Como disse, eu tinha começado a sentir às vezes, embora com brevidade, o que passo a relatar. Vinha-me de súbito, na representação interior de estar ao lado de Cristo, de que falei, tamanho sentimento da presença de Deus que eu de maneira alguma podia duvidar de que o Senhor estivesse dentro de mim ou que eu estivesse toda mergulhada nele. Não se tratava de uma visão; acredito ser o que chamam de teologia mística: a alma fica suspensa de tal modo que parece estar fora de si; a vontade ama, a memória parece estar quase perdida, o intelecto não discorre, mas, a meu parecer, não se perde; entretanto, repito, também não age, ficando como que espantado com o muito que alcança, porque Deus lhe dá a entender que ele nada compreende daquilo que Sua Majestade lhe representa.

2. Antes, eu tivera continuamente uma ternura que, em parte, é possível procurar: uma satisfação que não é completamente dos sentidos nem é bem espiritual. Tudo é dado por Deus; mas, ao que parece, para isso podemos contribuir considerando nossa inferioridade e a ingratidão para com Deus, o muito que Ele fez por nós, sua Paixão, em que sofreu graves dores, Sua vida tão cheia de aflições; deleitando-nos por ver Suas obras, Sua grandeza, o amor que tem por nós e muitas outras coisas que quem deseja progredir espiritualmente encontra por toda parte, mesmo que não as viva procurando.

Se, ao lado disso, houver algum amor, a alma fica inebriada, o coração fica terno, vêm lágrimas; às vezes, parece que as arrancamos à força e, em outras, elas vêm do Senhor, e com tanta energia que não podemos resistir. Ao que parece, Sua Majestade nos recompensa pelo nosso pequeno esforço com um dom imenso que é o consolo sentido pela alma ao ver que chora por tão grande Senhor; e não me espanto com isso, pois razão há de sobra para sentir consolo, pois ali ela se inebria e se deleita.

 


Na companhia do Frei Ivo, no site novo das Irmãs, numa ampla tela pintemos nossa história de fé ...

 

Todos nós nascemos com a vocação de nos comunicarmos. 

Ninguém nasceu para se isolar, para se trancar, para viver sozinho. Todos nascemos para convivermos e nos comunicarmos.

Em si, tudo isso é maravilhoso. Porém, ao olharmos para a triste realidade da solidão que marca presença em tantas e tantas pessoas, quem sabe, nos perguntamos:

 “O que está acontecendo com o ser humano? 

Por que será que uma criatura que nasceu para se comunicar, é capaz de se trancar, de se fechar  e de chegar a viver o “inferno da solidão?”

Me parece que a pessoa humana precisa redescobrir o sentido do silêncio contemplativo. Sair deste terrível barulho, que não é apenas barulho externo e que nos faz mal, mas sair do terrível barulho da solidão. E todos nós sabemos como este barulho faz mal, como este barulho nos machuca, como este barulho pode nos levar até mesmo a perda do sentido de viver.

                                                          

Alguém, muito bem definiu a solidão, dizendo: “Solidão não é ausência de pessoas. Solidão é vazio interior.” Sim, muitas vezes, estamos cercados de gente por todos os lados e acabamos 
nos sentindo uma ilha de solidão, por sentirmos dentro de nós um vazio que fere, que pesa, que machuca.

Teresa de Jesus nos diz que nós precisamos aprender a olhar para o Mestre e, no silêncio, começarmos a contemplar tudo o que ele fez por nós, alegrando-nos, no silêncio, por ver suas obras, sua grandeza, o amor que ele tem por nós e muitas outras coisas.” 

                                                  

E Teresa continua dizendo: “Se conseguirmos fazer esse silêncio contemplativo, então sim, nosso interior fica inebriado, nosso coração fica terno e, por vezes, chegamos até as lágrimas.” Diz alguém que o silêncio é um encontro fecundo entre comunicação e misericórdia.

O silêncio pode revelar-se numa extraordinária forma de comunicação. E quanto mais soubermos silenciar, tanto mais nossas palavras terão valor por serem fruto de um silêncio meditativo.

                                        

Quem de nós não se recorda daquele momento de silêncio acontecido na noite do dia 13 de março de 2013, quando o Papa Francisco, inclinando-se perante aquela multidão que lotava a Praça São Pedro, pediu que rezassem por ele em silêncio. Quem de nós não se sente emocionado, só em recordar aquela cena que nunca mais vai desaparecer da retina de nossos olhos?

Mergulhados naquele silêncio ensurdecedor, quem de nós não se sentiu amado, cativado, atraído por Deus, na pessoa daquele homem de branco que se inclinava diante de todos nós.

Aquele silêncio que gritou tão alto na Praça do Vaticano,  foi um silêncio que comunicou misericórdia. Foi um silêncio que nos convidou a uma vida nova e diferente. Foi um silêncio que nos comunicou alguma coisa que é muito mais forte do que o ruído do mundo:
 um silêncio acolhedor e misericordioso.

                                              

Pegue o “pincel” e numa simples e bela pintura, retrate a comunicação e misericórdia, que produzem um silêncio transformador para a sua vida.
 

Frei Ivo Bortoluz OCD

 


                                                                    Vamos rezar com as Irmãs...
 

                                                                         

Ó Santa Teresa caminhai conosco 
para daí seguirmos contigo...


Ó Deus em Teresa contemplamos a bela pintura de alguém que contemplando além do que via, descobriu a Vossa mão que continua a pintar o mundo, suas criaturas e seus filhos e filhas com a mesma ternura e a bondade com que os criou e salvou em seu Filho Jesus.

Do silêncio e da solidão fez o espaço onde ela mesma pintou a sua vida sob “visão das obras de Deus”, crendo na Sua misericórdia infinita.

Dá-nos animados por este mesmo espírito, comunicar  sem cessar a nossos irmãos e irmãs esta verdade que ela proclamou: 

“sua grandeza, o amor que tem por nós e muitas outras coisas que quem deseja progredir espiritualmente encontra por toda parte, 
mesmo que não as viva procurando”.  

Amém.