|
 Devemos ter grande confiança, porque convém muito não reduzir os desejos, confiando em Deus que, se nos esforçarmos, poderemos chegar — pouco a pouco, embora não logo — ao ponto alcançado por tantos santos com o Seu favor; se estes nunca se determinassem a desejá-lo e a passar gradativamente à prática, não teriam atingido tão alto estado. Sua Majestade deseja almas corajosas e é amigo delas, desde que sejam humildes e sempre desconfiem de si mesmas. Nunca vi quem assim age perder-se no caminho, nem uma alma covarde que, sob pretexto de humildade, percorresse em muitos anos o que as outras percorrem em pouco tempo. Causa-me forte impressão a grande importância que tem nesse caminho procurar grandes coisas; mesmo que não tenha forças logo, a alma vence uma enorme distância, como uma ave de asas fracas que cansa e pára.
|
|
“Sua Majestade deseja almas corajosas e é amigo delas, desde que sejam humildes e sempre desconfiem de si mesmas.”
Esta beleza de afirmação de nossa Santa Madre Teresa, nos dá a oportunidade para refletirmos um pouco sobre este desafio ou esta arte de como perseverar.
E para refletir sobre este assunto tão importante, valho-me de uma pequena homilia feita pelo Papa Francisco.
O Papa Francisco nos diz que “para entrar no Reino de Deus, é preciso passar por momentos sombrios, difíceis.”
Porém, o Papa chamou a atenção, dizendo: “Este não é um comportamento masoquista, mas é a luta cristã, contra o príncipe deste mundo, que tenta nos afastar da Palavra de Jesus, da fé e da esperança.”
E Francisco, falando sobre este perseverar, nos diz que “precisamos ter estas três palavras que são: tribulações, entrega e paz.
Na vida temos que percorrer caminhos tortuosos, tribulações, é a lei da vida.
Mas, ao entregar-se ao Senhor, Ele nos responde com a paz.
Este Senhor que é Pai e nos ama tanto e não nos desaponta jamais.
Suportar as tribulações é a primeira palavra.
É ter paciência, carregando o peso das adversidades. A vida de quem segue Jesus também tem momentos assim. Não existe seguimento de Jesus, sem a cruz. Porém, Jesus nos diz: “Tenham coragem nestes momentos. Eu venci. Vocês também serão vencedores.”
Esta primeira palavra nos ilumina para superarmos os momentos mais difíceis da vida, aqueles momentos que nos fazem sofrer.
Entregar-se a Deus nos momentos mais difíceis, é a segunda palavra colocada pelo Papa Francisco. Ele diz que um cristão pode levar adiante as tribulações e também as perseguições, entregando-se ao Senhor, pois somente Ele é capaz de dar força, perseverança na fé e esperança.
Confiar ao Senhor estes momentos difíceis, confiar, entregar a minha pessoa ao Senhor, confiar ao Senhor nossos fiéis, nossos sacerdotes e bispos, confiar ao Senhor as nossas famílias, os nossos amigos e dizer ao Senhor: ‘Cuida deles, eles são teus’.
É uma oração que nem sempre fazemos: a oração de entrega: “Senhor, te entrego isso, leva adiante Tu, é uma bela oração cristã. É a atitude de confiança no poder do Senhor, assim como na ternura do Senhor que é Pai”.
A Paz de Deus reforça a fé.
As tribulações fazem o povo sofrer, mas a entrega ao Senhor, dá esperança e daqui vem a terceira palavra: a Paz.
Francisco nos pede para recordar aquilo que Jesus diz quando se despede dos seus discípulos; “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”.
Essa paz; destacou Francisco, não é uma simples tranqüilidade, mas é uma paz que fortalece a fé e a esperança.
Deus gosta das almas corajosas, que saibam enfrentar as tribulações, sabendo entregar-se a Ele nos momentos difíceis e encontrando a paz nesta atitude de abandono e de entrega.
Na verdade, para vivermos esta arte de saber perseverar, precisamos pegar o “pincel” e retratar na “tela de nossa vida”, esta cena maravilhosa e fascinante, onde aparece a alma cantando: “Em Ti meu Deus a minh’alma está tranqüila, como a criança nos braços de seu pai.” (salmo 130)
|
