Nossa Senhora da Assunção e São José


66- A ORAÇÃO NÃO CONSISTE...

Livro da Vida 13, 11

 

Quem usa muito o intelecto, tirando de cada coisa muitos conceitos e conclusões, deve dar atenção a este aviso — aos que não podem trabalhar com a mente e raciocinar, como era o meu caso, só tenho uma coisa a dizer: sejam pacientes, até que o Senhor lhes dê com que se ocupar e os ilumine, pois podem tão pouco por si que o seu intelecto mais os estorva que os ajuda. Voltando aos que raciocinam, digo que, embora muito meritória, essa atividade não deve ocupar todo o tempo. Como obtêm prazer na oração, essas pessoas não querem saber de domingos nem de pausas (que consideram tempo perdido). Para mim, essa aparente perda produz muitos lucros. Em vez disso, repito, imaginem que estão diante de Cristo e, sem cansar o intelecto, falem e alegrem-se com o Senhor, sem o trabalho de formular raciocínios. Digam-Lhe as suas necessidades, lembrando-se também dos motivos que Ele teria para não admiti-los à Sua presença. Façam ora uma coisa, ora outra, evitando que a alma se canse de comer sempre o mesmo alimento. E esses alimentos de que falo são muito saborosos e proveitosos; se o paladar se acostuma ao seu gosto, eles trazem grande substância para dar vida à alma e muitos outros ganhos.

 

     Com um bompincel na mão e colorindo o coração de sentimentos de alegria e confiança, iniciemos a pintura da nossa tela, acolhenco os conselhos do Frei: “A oração é a abertura de um coração para Deus e que grita a esse Deus,  a partir da realidade que está vivendo”.

 

      Ao ler o texto de Santa Teresa de Jesus, acima colocado, me recordei do que nossa Santa fala a respeito da oração quando ela nos diz: “A oração consiste não em muito pensar, mas, sim, em muito amar”.
    Quando Teresa faz esta afirmação, creio que ela queira nos ensinar que, na oração, acima de tudo temos que saber entrar em contato com o Pai na simplicidade daquilo que se é e do que se está vivendo naquele momento.
    Uma criança, quando se dirige ao papai ou a mãe, nunca fica pensando sobre o que vai dizer ou sobre o como vai falar com eles. A criança começa a conversar e de repente, começa a falar sobre um assunto e pouco depois passa para outro e mais adiante para outro ainda.
    E o papai ou a mamãe que a escutam não se importam com a mudança de assuntos. Eles escutam aquela criança com atenção em tudo aquilo que ela lhes  fala e apresenta na conversa, pois para o papai ou a mamãe, o mais importante não é o criança está falando. Mas sim, o mais importante é de sentir, de ver e perceber que a criança se sente livre para dizer tudo aquilo que está dentro dela e de sua vida.

 


    Assim devemos ser e agir na nossa oração no relacionamento com Deus que é nosso Pai.
    Às vezes gastamos tantas energias e forças, tentando fazer uma oração bonita e até mesmo profunda e o resultado, por vezes, é decepcionante, pois o que alcançamos não é nada daquilo que planejamos.
    A nossa oração não pode ser fruto apenas do que pensamos, do que nos organizamos, mas sim, deve ser fruto do que amamos e de como amamos.
    E para isso, precisamos na oração,  de liberdade e simplicidade.
    Liberdade para abrirmos o nosso coração para Deus naquele momento.
    Simplicidade,  para falarmos sem rodeios e sem adornos.
Como diz alguém, “A oração é a abertura de um coração para Deus e que grita a esse Deus,  a partir da realidade que está vivendo”.
Ou seja, se eu estou vivendo um momento alegre e feliz, minha oração tem que ser uma abertura alegre e feliz para com Deus. Mas, se eu estou passando por momentos difíceis de dor e de sofrimento, na minha oração eu preciso apresentar a Deus aquilo que naquele momento está fazendo parte da minha vida.
De verdade, na oração, o mais importante de tudo é que eu saiba estar diante de Deus, tendo plena certeza de que Ele está me olhando, me ouvindo e me escutando.

 


Pode ser que, em certos momentos, minha oração seja maravilhosa e muito gostosa de ser feita, por me  sentir muito bem e feliz em estar ali. Parece até que eu estou sentindo a Deus presente e palpável naquele momento.
Mas, também, existem outros momentos em que, quem sabe, eu tenha que repetir muitas vezes a Deus: “Eu estou aqui somente por Ti, pois se dependesse de mim, eu já estaria longe daqui”. São momentos em que eu não sinto a presença de Deus. Momentos em que Deus parece silenciar para comigo.
Na verdade, é preciso entender que, rezar não é sentir a Deus, mas sim, rezar é saber jogar-se em Deus.
Pegue o “pincel” e retrate na “tela de sua vida” essa linda e atraente imagem, onde você  reflete tudo isso num bonito quadro no qual aparece alguém que com semblante sereno, se comunica com Deus, entregando a Ele, tudo o que está nesse coração e entenda que na oração o mais importante de tudo não é o que você pensa, mas, sim,  o que você ama.

Frei Ivo Bortoluz OCD

 


                                                                    Vamos rezar com as Irmãs...
 

                                                                         

Ó Santa Teresa de Deus amada,
grande amiga do Senhor, dá-nos sede de Deus...      

Senhor, neste tempo favorável da Quaresma, o dom da oração faz-se mais desejado e o buscamos com confiança, vinde a nós com a vossa graça, produzindo em nós frutos de maior amor e confiança na Vossa presença misericordiosa em nossas vidas. Agradecemos e confiamos no vosso amor, que acompanha a pintura da tela de nossa vida. Amém