E ninguém se engane, dizendo que os letrados sem oração não servem para quem a tem. Tenho lidado com muitos, porque de uns anos para cá minha necessidade tem sido maior. E sempre fui amiga deles, pois, mesmo que alguns não tenham experiência, não se opõem ao que é espiritual nem o ignoram, já que, nas Sagradas Escrituras que estudam, sempre acham a verdade do bom espírito. Tenho para mim que a pessoa de oração que se relacionar com letrados não será enganada pelas ilusões do demônio, se não quiser se enganar, porque, creio eu, os demônios temem muito a instrução humilde e virtuosa, sabendo que serão descobertos e prejudicados.
Eu disse isso porque há quem pense que os letrados não servem para pessoas de oração se não seguirem o espírito. Já falei que o mestre espiritual é necessário; se, contudo, este não for instruído, há aí um grande inconveniente. Ajuda muito relacionar-se com pessoas instruídas; se forem virtuosas, mesmo que não sejam espirituais, trazem proveito, e Deus fará com que entendam o que precisam ensinar e até as tornará espirituais para que nos ajudem. E não o afirmo sem tê-lo experimentado; aconteceu-me com mais de dois. Errará muito uma alma que, resolvida a submeter-se a um só mestre, não procurar um que seja como eu digo; porque, se lhe faltarem as três coisas, a cruz não será leve.
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JEITO PROFÉTICO DE VER!
Este texto de nossa Santa Teresa, ali acima colocado, é tremendamente profético e, por que não, revolucionário!
Teresa fala alguma coisa que, de repente, em nossos dias, muita gente não iria aceitar e, quem sabe, dizer até que isso não é sinal nem de fidelidade, nem de unidade com a doutrina da nossa Igreja.
Olhe bem para o que diz Teresa. Vale a pena recordar e ter bem presente. Ouça o que nossa Santa nos diz:
“E ninguém se engane, dizendo que os letrados sem oração não servem para quem a tem. Tenho lidado com muitos, porque de uns anos para cá minha necessidade tem sido maior. E sempre fui amiga deles, pois, mesmo que alguns não tenham experiência, não se opõem ao que é espiritual, nem o ignoram, já que, nas Sagradas Escrituras que estudam, sempre acham a verdade do bom espírito. Tenho para mim que a pessoa de oração que se relacio¬nar com letrados não será enganada pelas ilusões do demônio, se não quiser se enganar, porque, creio eu, os demônios temem muito a instrução humilde e virtuosa, sabendo que serão descobertos e prejudicados”.
Teresa de Jesus nos chama a atenção sobre algo fundamental: uma pessoa pode não ter a vivência ideal, mas, não é por isso que ela não tenha a capacidade de nos ajudar a caminhar.
Mesmo não tendo uma vivência ideal, esta pessoa tem dentro dela a humildade de saber quem ela é e, ao mesmo, tem a humildade de transmitir aos que a procuram, a verdade que ela ainda não conseguiu, nem alcançar e nem viver.
Isso é muito bonito!
Isso vale a pena de ser ouvido e de ser praticado!
Quantas vezes nós não encontramos aquela pessoa ideal que sonhamos para nos orientar e para nos dirigir!
Claro que o ideal seria podermos nos orientar e dirigir por uma pessoa totalmente coerente, que sempre nos falasse aquilo que ela está vivendo. Porém, nem sempre isso é possível.
As limitações, os pecados e as imperfeições marcam a vida de todos nós.
E se a pessoa que eu procuro para me orientar e me ajudar na caminhada, consegue me mostrar o verdadeiro caminho, eu devo seguir esse caminho e me sentir feliz por Deus ter colocado na minha vida essa pessoa.
Será que não é isso que Jesus quer nos dizer, quando no Evangelho de Mateus nos diz: “Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem as suas ações, pois eles falam e não praticam. Amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo”.
Acredito que Deus tenha tantos e tão diferentes instrumentos para nos ajudar na caminhada. Nós precisamos, sim, estar atentos ao bem que nos é ensinado e não ficarmos parados em quem nos ensina.
Se alguém a quem eu procuro para me ajudar na caminhada, me ajuda a encontrar um caminho melhor para viver de uma forma melhor, eu devo aproveitar desse ensinamento.
Se eu chegar a descobrir que essa pessoa que Deus colocou no meu caminho e que tanto me ajudou, não é coerente com tudo aquilo que ela me transmitiu, eu não vou ficar e permanecer parado e decepcionado. Não. Isso nunca. Eu vou aproveitar do bem que essa pessoa me proporcionou e, quem sabe, com o meu jeito de ser e de viver, eu possa ajudar essa pessoa a encontrar o caminho da autenticidade e da coerência.
Nossa querida Teresinha do Menino Jesus nos dizia: “Tudo é graça”!
Acredito que, por vezes, esses instrumentos que Deus coloca na nossa vida, também são “uma graça de Deus” para que encontremos um caminho melhor!
Pegue o pincel de sua vida e retrate este misericordioso retrato de alguém que, mesmo no meio de suas limitações, é capaz de iluminar o caminho de tantas e tantas pessoas.
Olhe para nossa querida Teresa de Jesus!
Não fique parado na decepção e na desilusão por ver ou descobrir que quem lhe ensinou um caminho, não vive coerentemente neste caminho!
Abrace a luz que esse alguém lhe transmitiu e siga pelo caminho que o levará a viver sempre mais o amor para com Deus e para com as pessoas.
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