E assim peço, por amor do Senhor, que as almas a quem Sua Majestade fez o grande benefício de levar a esse estado conheçam a si mesmas e tenham muita consideração por si, com uma humildade e santa presunção, para não retornarem aos alimentos do Egito. Se, por sua fraqueza, maldade e natureza ruim e miserável, caírem, como eu caí, que elas sempre tenham diante dos olhos o bem que perderam e se alarmem e tenham medo (pois não lhes falta razão para tanto) de que, se não voltarem à oração, irão de mal a pior. Considero a verdadeira queda aquela em que a alma rejeita o caminho onde obteve tantos benefícios. Para quem se vê nessa situação, já não digo que não ofendam a Deus nem pequem, embora seja razoável que se proteja disso quem começou a receber essas graças. Mas, como somos miseráveis, aconselho insistentemente que não deixem a oração, porque, nela, vão compreender o que fazem e ganharão do Senhor o arrependimento, bem como força para se levantarem; acreditem-me: quem se afasta da oração se expõe, a meu ver, a perigos. Não sei se o digo bem, porque, como falei, julgo por mim…
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Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho diz que “tudo pode ser mudado pela força da oração.”
Quando Santa Teresa insiste tanto, pedindo que não se abandone a oração, é porque ela tem bem presente esta realidade: sem a oração, nós acabamos desabando, acabamos por nos destruir e acabamos por provocar tantas outras destruições.
E é interessante que Santa Teresa nos pede para que não abandonemos a oração, dizendo: “Como somos miseráveis, aconselho insistentemente que não deixem a oração, porque, nela, vão compreender o que fazem e ganharão do Senhor o arrependimento, bem como força para se levantarem; acreditem-me: quem se afasta da oração se expõe, a meu ver, a perigos”.
Como nossa Santa tem razão em nos fazer este chamado de atenção e em nos fazer este alerta.
Sem a oração, acabamos por perder o foco de nossa vida, de nossa caminhada e de nossa missão.
Sem a oração, corremos o grande perigo de, acabarmos por usar do próprio Deus e da própria Espiritualidade, para projetarmos o nosso “eu”, os nossos gostos, egoísmos e caprichos”. Sem a oração, acabamos por construir uma imensidão de coisas e junto delas, construímos imensos vazios que, fatalmente, irão ruir e cair por terra, mais cedo ou mais tarde.
Vejamos bem a expressão que Teresa usa: “Como somos miseráveis”!
É isso mesmo! Nós somos pobres, pequenos, imensamente pecadores e miseráveis!
Se a gente não souber caminhar sobre o “chão” da humildade, nós vamos acabar nos “achando” e deixando que a vaidade e o orgulho nos faça transparecer com coisas que nos tornam admirados, elogiados, aplaudidos e até mesmo amados, mas coisas que nos levam a uma destruição e a uma ruína total.
E o que nos leva a caminhar sobre este “chão” da humildade?
É o sabermos nos colocar diante de Cristo, diante de Deus, na oração.
Quem encontra tempo para se encontrar a sós com Deus, com Cristo, vai saber quem ele é e nunca vai permitir que o “ídolo” do poder tome conta da sua pessoa. Quem sabe encontrar tempo para ficar “face a face” com Deus, na oração, vai sempre saber ter a humildade de nunca achar que é isso ou que é aquilo, por tudo o que pode falar, fazer ou construir.
De verdade, quem sabe, caminhar e viver com humildade, seja um dos maiores desafios que a gente tenha no nosso viver, pois dentro de todos nós mora o orgulho, a vaidade e se a gente não souber dominar esses “bichinhos, eles é que acabarão dominando todo o nosso ser e todo o nosso viver.
Todas as nossas ações e todo o nosso apostolado, são fundamentais, para construirmos o Reino de Deus.
Porém, todas as nossas ações e todo o nosso apostolado, devem ser consequência de nossa vida de oração; consequência de sabermos estar a sós com Deus na oração.
O nosso querido e saudoso Arcebispo Dom Helder Câmara refletindo sobre sua vocação, dizia para si mesmo: “Se você quer ser padre, se você quer se deixar devorar pelo povo, se você quer trabalhar para a sua gente, se você quer trabalhar para a Glória de Deus, você precisa reabastecer-se, pois do contrario, daqui a pouco você estará raspando no fundo do tacho”.
A missão, se não for conseqüência de nossa oração, será apenas fuga e projeção do nosso próprio eu.
Ouça bem o pedido de Santa Mônica: “tudo pode ser mudado pela força da oração.”
E, com muito carinho, escute o grito de Teresa que, pedindo que não se deixe a oração, nos diz: “Como somos miseráveis, aconselho insistentemente que não deixem a oração, porque, nela, vão compreender o que fazem e ganharão do Senhor o arrependimento, bem como força para se levantarem; acreditem-me: quem se afasta da oração se expõe, a meu ver, a perigos”.
Pegue o pincel e retrate na tela de sua vida, esta imagem fundamental: você sentado aos pés do Senhor, sentindo-se amado e enviado para evangelizar!
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