Nossa Senhora da Assunção e São José


86- EM SILÊNCIO E QUIETUDE!

 "Essa oração é, portanto, uma centelhazinha do Seu verdadeiro amor que o Senhor começa a acender na alma, para fazê-la compreender que é esse amor feliz. Essa quietude, esse recolhimento e essa centelha, quando são espírito de Deus, e não gosto dado pelo demônio ou procurado por nós, são compreendidos imediatamente, por quem tem experiência, como uma coisa que não se pode adquirir. Porém, a nossa natureza deseja tanto coisas saborosas que prova tudo, mas cedo fica muito fria, porque, por mais que deseje acender o fogo para conseguir esse gosto, não faz mais que jogar-lhe água para apagá-lo… porque a centelhazinha vinda de Deus, por menor que seja, faz muito ruído e, se a alma não a extinguir por sua culpa, ela vai começar a acender o grande fogo que lança chamas, como direi no momento certo, do enorme amor de Deus, que Sua Majestade concede às almas perfeitas".

 

 

Vivendo com amor, fé e muita alegria esse tempo santo do Advento; nos preparamos com confiança e esperança para o Natal de Jesus... com um bom pincel na mão, tintas de cores vibrantes e lhos e ouvidos atentos às dicas de nosso amigo e irmão Frei Ivo (que se recomenda sempre às nossas orações) dinamizemos nossa pintura com os últimos traços de um ano de graças e desafios, de luzes e de sombras. Sempre unidos e solidários, com nossos irmãos a quem falta os pincéis e as tintas da dignidade e da solidariedade.

 

        Alguém, certa vez disse: “Meu primeiro idioma é o silêncio. Seja fluente nele”.
        Ao lermos e ouvirmos este alerta, devemos tomar consciência de que precisamos aprender a praticar o exercício do saber silenciar.

 


        No meio de tanta agitação.
        No meio de tanto  barulho.
        No meio de tantos convites para viajarmos com nosso pensamento e com nossa imaginação, precisamos descobrir que tanto barulho não faz bem.
        Pelo contrário, são muitas as vezes que o barulho acaba nos adoecendo física, emocional e espiritualmente.
        Deveríamos sempre nos perguntar:
“Por que não gosto de silenciar?
Ou ainda mais, por que não gosto de viajar para dentro de mim mesmo?
Ou, mais radicalmente ainda, por que tenho medo do silêncio?
Se nós olharmos para a pessoa de Jesus, vamos ver quantas e quantas  vezes Jesus se retirava para ficar sozinho e orar.
E é super importante que a gente veja que Jesus não se retirava e ficava no silêncio para rezar e se encontrar com o Pai, apenas para nos dar um exemplo.
Não! Jesus buscava o silêncio para rezar e para se encontrar com o Pai, por necessidade.
Sim! Jesus tinha necessidade do silêncio, para manter essa intimidade pessoal com Deus Pai.

 


Quando Teresa de Jesus nos apresenta este grau de oração, chamado de “Oração de quietude”, ela está nos mostrando que este grau de oração, para ser verdadeiro, deve acontecer, se realizar e se concretizar  no silêncio.
Permitam que ao falar sobre isso, eu faça uma comparação.
Uma mãe, quando se coloca em silêncio, ao lado do berço em que está seu filhinho, para esta mãe, a única razão do seu silêncio, da sua quietude ao lado daquele berço onde se encontra o grande amor de sua vida é o próprio filhinho!
Não dá para imaginar que uma mãe se coloque junto do berço do filhinho e comece a pensar em como poderia ser diferente aquela criança... ou pensar que aquela criança poderia ter um corpo diferente... ou que poderia ter olhos com cor diferente... ou cabelos de forma diferente...

 


Não! Aquele imenso e profundo silêncio daquela mãe, é um silêncio todo dirigido para aquela criança, seu filho, que ali está.
É uma atitude de uma quietude contemplativa, que se dirige de uma forma concreta e plena, para a criança que ali está, o seu próprio filhinho.
Me parece que assim deve ser nossa oração de quietude diante de Deus.
É um silêncio totalmente QWdirigido ao amado!
É um estar numa atitude eloquente, que abre seu interior para esse Deus-Amor que ali está diante de mim.
É um olhar para Deus, tendo n’Ele fixo o meu olhar e o meu coração, não permitindo que meu pensamento voe para longe dali onde Ele está!


É um estar ativo, onde eu estou determinado a ficar e permanecer ali, diante do Deus que me ama e, sentindo-me plenamente feliz por ter o privilégio de estar ali, aos seus pés, nesse momento.
Mas, também, é um estar ali passivo, onde eu fico numa quietude total, sabendo que esse Deus me olha de uma maneira única, exclusiva e irrepetível. 


É um estar ali, escutando nossa Mãe Teresa de Jesus que me diz: “Olha que Ele te olha”!
Se o “objeto” de nosso silêncio, de nossa quietude, é Ele e somente Ele, então sim, estarei no caminho correto, não me preocupando se estes momentos de silêncio e de quietude são momentos “saborosos” ou “difíceis”, pois eu tenho certeza de que estou ali, neste silêncio e nesta quietude, unicamente por Ele.


Nesta oração de quietude, não busque o prazer gostoso de curtir esse momento e, também, não deixe ou abandone esse momento, só porque você está enfrentando alguma dificuldade de estar ali.
Viva este momento de silêncio e de quietude, sempre com a consciência de que você está ali por causa d’Ele e que se esta é a razão, você está no caminho certo de intimidade pessoal com o Amado.
Pegue o “pincel” e retrate na “tela” de sua vida, esse momento fantástico, onde diante de Deus, no silêncio e na quietude, você  está totalmente em sintonia com o Pai! 

                                   

Santa Madre Teresa, assisti-nos na nossa busca
e seguimento de Jesus ...    

 "Essa oração é, portanto, uma centelhazinha do Seu verdadeiro amor que o Senhor começa a acender na alma, para fazê-la compreender que é esse amor feliz". "...porque a centelhazinha vinda de Deus, por menor que seja, faz muito ruído..."  Quão Grande Sois Senhor em trabalhar continuamente sobre nós, vossas criaturas, elevadas a diginidade de filhos e redimidas pelo sangue, pela vida, de nosso Senhor e Irmão Jesus Cristo. Dá-nos  Senhor o desejo ardente, a força e a coragem de sempre viajarmos para dentro de nós mesmos para aí Estar Contigo, Doce Hóspede da alma e haurirmos mais vida e verdade para irradiarmos através de nossos atos e palavras a nossos irmãos, como expressão viva de nossa  comunhão Convosco. Amém.