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 Essa centelha é um sinal ou garantia dados por Deus à alma, indicando que já a escolheu para grandes coisas, caso ela se disponha a recebe-las. É um dom imenso, que está além do que posso definir.
É uma lástima o fato de eu conhecer, repito, muitas almas que chegam aqui, mas poucas que passam desse ponto como devem passar – causando-me vergonha dizê-lo. Não posso garantir que são poucas, pois deve haver muitas, porque não é em vão que Deus nos sustenta, mas falo do que vi. Gostaria de insistir que procurem não insistir que procurem não esconder seu talento, pois Deus parece ter querido escolhê-las para beneficiar muitas outras, especialmente nesta época, em que são necessários amigos fortes de Deus para sustentar os fracos; considerem-se fortes os que virem em si essa graça, se souberem corresponder às injunções que até as boas amizades do mundo fazem; se assim não for, como eu disse, desconfiem e temam fazer mal a si mesmas, e queira Deus que não o façam a outros!
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Permitam que eu inicie esta breve reflexão, a partir do texto de nossa Santa Madre, acima colocado, narrando para vocês uma pequena, simples, mas diria, profunda história.
Conta esta história que um missionário caminhava pelas poeirentas ruas do local onde ele trabalhava na evangelização daquele povo. Aquele missionário caminhava debaixo de um sol terrível e escaldante. E na medida em que andava por aquele caminho, o missionário ia transpirando um imenso suor e a sede começou a tomar conta do corpo daquele homem.
Ele ia caminhando com esta terrível sede, quando um pouco adiante, viu menino que despreocupadamente descascava uma laranja. O missionário não pensou duas vezes. Se dirigiu ao menino e falou: “Meu filho, eu estou morrendo de sede. Quando você terminar de descascar essa laranja, por favor, me dê um gomo dela, para eu matar um pouquinho esta terrível sede que estou sentindo”.
O menino não deu nenhuma resposta e o missionário ficou parado, ali ao lado daquele garoto.
Quando terminou de descascar a laranja, o menino chegou pertinho do missionário e entregou toda a laranja o missionário.
O missionário olhou para o menino e disse: “Não, meu filho. Eu não quero toda a sua laranja. Eu só quero um gomo para diminuir a minha sede”.
O menino olhou para o missionário e sorrindo falou: “Não, padre! Pegue toda a laranja. Eu amo o senhor”!
Quem ama de verdade, dá tudo!
Quem não ama de verdade, dá um pouco e fica com o restante para si.
Deus nos ama sempre, total e inteiramente!
Mas, Ele quer de nossa parte um amor total, sem reservas, sem nada de retenções e sem restrições!
Deus não nos chama para sermos “mais ou menos” d’Ele!
Deus nos chama para assumirmos e vivermos o desafio de seu chamado com ousadia, sem nenhum medo, mesmo que por vezes este chamado possa nos assustar e possa até nos levar a alguns ou muitos questionamentos.
Para ilustrar isso, recordemos o chamado que Deus faz ao grande Profeta Abraão, quando pede a Abraão para que sacrifique por amor a Ele, seu único filho Isaac. Com toda certeza, Abraão deve ter se perguntado: “Mas, por que Deus está me fazendo esse pedido? Será que Deus não se lembra da promessa que me fez, de tornar a minha descendência tão numerosa como as estrelas do céu ou a areia da praia? Abraão, com certeza, se questiona, mas acima de tudo ele tem a ousadia de saber se arriscar, de saber ir até as últimas consequência para ser fiel, pois ele tem certeza de que Deus nunca irá decepcioná-lo.
E é por isso que nossa amada Santa Teresa, no texto colocado no início desta reflexão, nos diz que nós precisamos ser “pessoas amigas fortes de Deus”!
Sermos “pessoas amigas fortes de Deus”, é sabermos ter a ousadia de nos arriscarmos, tendo a certeza de que Deus nunca irá permitir que sejamos prejudicados naquilo que Ele nos pede no chamado que nos faz.
Sermos “pessoas amigas fortes de Deus”, é vencermos e superarmos qualquer tipo de medo ou de incerteza que possa nos assaltar, sempre tendo a certeza de que o Deus que me chama, é o Deus da Vida e me chama para que eu gere vida para muitas pessoas que Ele vai colocar na minha caminhada.
Sermos “pessoas amigas fortes de Deus”, é descobrir e sentir a alegria de sermos amados, chamados e enviados, para termos vidas fecundas, que gerem muitos frutos de vida, de alegria, de paz, de verdade, de justiça, de fraternidade.
Sermos “pessoas amigas fortes de Deus”, é é cultivarmos a capacidade de esquecermo-nos de nós mesmos, para vivermos a imensa alegria de servir por amor a quem Deus nos envia.
Nossa querida Mãe Maria, quando estava grávida de Jesus, com certeza estava sentindo uma imensa alegria por viver aquela gravidez, mesmo no meio de questionamentos que possam ter surgido dentro dela sobre como tudo iria acontecer.
Porém, quando dentro da alegria da gravidez, Maria chega a saber que sua prima Isabel está no sexto mês de gravidez de João Batista e que Isabel está precisando de ajuda naquele momento, o evangelista nos diz que Maria “vai às pressas” ao encontro de Isabel. Ou seja, Maria esquece de si, esquece de ficar “curtindo” a alegria da sua gravidez, para ir ao encontro de quem precisava do seu serviço.
“Pegue tudo. Eu amo o senhor”!
As palavras daquele menino devem ser as nossas palavras, ditas ao Deus que nos chama. Só assim é que seremos aquilo que Teresa nos pede: “Pessoas amigas fortes de Deus”!
Pegue o “pincel” e tente retratar na “tela” da sua vida, esta imagem tão bonita, significativa e real: a imagem de você se entregando totalmente a Deus e dizendo a esse mesmo Deus: Pegue tudo. Eu amor o Senhor, meu Deus”!
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