Desse modo, a alma vai perder muito se não tiver cuidado, especialmente se o intelecto for arguto e, organizando reflexões e arrolando razões, por insignificantes que sejam, pensar, se essas reflexões e razões forem bem formuladas, que realiza alguma coisa. O máximo a que podemos chegar aqui é entender com clareza que não há nenhuma razão para que Deus nos faça tão grande favor, a não ser a Sua bondade, e ver que estamos muito próximos de Sua Majestade, pedindo-Lhe favores, rogando-Lhe pela Igreja, pelos que se encomendaram a nós e pelas almas do purgatório - não com o ruído das palavras, mas com o sentimento de desejar que Ele nos ouça. É uma oração que abrange muito e alcança mais do que o exercício permanente do intelecto. A vontade deve despertar em si algumas razões que avivem esse amor para que, vendo-se tão melhor, faça alguns atos amorosos em prol daquele a quem tanto deve; isso, como eu já disse, sem admitir o ruído do intelecto, sempre em busca de grandes coisas. Mais valem aqui umas palhinhas colocadas com humildade (e são menos que palhas, já que colocadas por nós), que servem para avivar mais esse fogo, do que um monte de lenha de razões muito eruditas que, a meu ver, o apagarão no espaço de um credo.
Isso é bom para os letrados que me mandaram escrever, porque, pela bondade de Deus, todos chegam até aqui, e pode acontecer que eles passem o tempo todo aplicando as Escrituras. Mesmo que as letras sejam proveitosas antes e depois dessa oração, pouco precisamos delas, pelo que sei, enquanto ela durar. Só serviria para enfraquecer a vontade, porque o intelecto, aproximando-se da luz, fica a tal ponto esclarecido que até eu, sendo quem sou, pareço outra pessoa.

"...aproximando-se da luz, fica a tal ponto esclarecido que até eu, sendo quem sou, pareço outra pessoa".  Essas são linhas traçadas pelo pincel de nossa Sta Madre Teresa, que iluminam o manuseio do nosso pincel; assim na companhia e com as dicas do Frei Ivo, iniciemos nossas pinceladas sobre a tela de nossa vida.

         Todos nós recordamos aquela tarde-noite do dia  13 de março de 2013, quando o recém escolhido Papa Francisco, aparece por primeira vez e ao falar com aquela  multidão reunida na Praça do Vaticano, pede ao povo que reze a Deus,  para que Deus ajude ao novo Bispo de Roma. E fazendo esse pedido, o Papa Francisco se inclina diante daquela multidão, para ser abençoado. É impressionante o imenso ruído que se ouve naquele gigantesco, comovente  e emocionante silêncio.
 

    Um padre amigo meu que lá estava, me contou que quando o Papa fez aquele pedido e se inclinou perante aquele povo, foi como se ele tivesse voado do lugar onde estava para o meio daquele povo e do meio do povo, ele  nunca mais saiu.
    Na verdade, naquele gesto de se inclinar, pedindo a oração do povo por ele, Papa Francisco entrou na prece e no coração de todos pela sua humildade. E por causa dessa humildade, Francisco nunca mais saiu do coração de todas as pessoas com boa vontade.

    Ninguém resiste ao poder e a força da humildade!
    Humildade,  é o grande caminho da felicidade!
    Humildade, é o grande caminho da santidade!
    Humildade, é o grande  caminho da verdadeira oração.
    Humildade,  é o termos consciência da nossa miséria, da nossa pequenez, dos nossos pecados, para rezarmos com a humildade de necessitados de Deus e nunca pensarmos que somos merecedores do amor de Deus.
    Humildade, é o jeito daquele publicano que é elogiado por Jesus e que  fica na porta do Templo e de cabeça baixa, simplesmente diz a Deus: “Senhor, tem piedade de mim.”

    Humildade, é aquele jeito bonito e confiante do chefe dos soldados,  que pede para Jesus curar seu empregado que está muito mal  e que, quando Jesus diz que vai até a sua casa para curar aquele empregado,  aquele homem fala: “Senhor eu não sou digno de que entres em minha casa, mas diz uma só palavra e meu empregado ficará curado.”
    Humildade, é um jeito lindo e confiante de se colocar diante de Deus, sentindo a paz interior de saber que esse Deus me ama por primeiro e me ama apesar de todas as minhas limitações.
    Teresa de Jesus é maravilhosa quando nos diz que é preciso cuidar um pouco ou bastante com nosso jeito de orar, achando que nossa oração tem validade por aquilo que pensamos, falamos ou argumentamos. 

    Quando Teresa nos diz: “Mais valem umas palhinhas colocadas com humildade que servem para avivar esse fogo, do que um monte de lenha de razões muito eruditas, que logo, muito logo apagarão” Teresa está nos mostrando que o caminho da Oração é a humildade.
    Teresa é imensamente sábia ao fazer esta afirmação, pois muitas vezes nós podemos correr o risco de acharmos que Deus nos escuta e nos ouve pela beleza de nossas palavras ou pela sabedoria com que nos dirigimos a Ele. 
    Deus sempre nos escuta, quando nos dirigimos a Ele como pequenos e necessitados, sabendo nos colocar nos seus braços e tendo certeza de que Ele nos acolhe, não por aquilo que temos ou fazemos, mas nos acolhe porque Ele é misericordioso.

    Fico pensando e imaginando como seria a Oração de Maria na gruta de Belém! Com o Menino nos seus braços, contemplando aquela criança, o que Maria falaria para Deus?!
    Com toda certeza, a grande Oração de Maria naqueles momentos, era uma Oração silenciosa e contemplativa, onde quem sabe Maria apenas pensasse: “Quem sou eu para merecer tudo isso?! 

    Quem sabe o olhar de Maria para aquela criança, um olhar contemplativo, silencioso e cheio de gratidão, apenas pudesse sorrir suavemente e fazer daquele sorriso a mais linda e encantadora Oração!
Saber rezar com humildade!
É rezar se entregando!
É rezar se abandonando!
É rezar silenciando!
É rezar amando!
É rezar contemplando!
É rezar se comprometendo!
É rezar transformando!
É rezar perseverando!
Pegue o pincel e no meio de tanta agitação e de tanto barulho, no silêncio, retrate na tela de sua vida, esta linda e encantadora imagem, onde você se encontra diante de Deus, apenas olhando e contemplando e com um leve e suave sorrindo, se entregando! Neste retrato está a imagem da verdadeira Oração!  

Santa Madre Teresa, assisti-nos na nossa busca
e seguimento de Jesus ...    

 "A vontade deve despertar em si algumas razões que avivem esse amor para que, vendo-se tão melhor, faça alguns atos amorosos em prol daquele a quem tanto deve; isso, como eu já disse, sem admitir o ruído do intelecto, sempre em busca de grandes coisas. Mais valem aqui umas palhinhas colocadas com humildade (e são menos que palhas, já que colocadas por nós), que servem para avivar mais esse fogo, do que um monte de lenha de razões muito eruditas que, a meu ver, o apagarão no espaço de um credo."  Dá-nos Senhor o desejo de viver as vias dessa oração humilde e confiante que nossa Sta Madre Teresa aponta, para assim sermos canais de Vosso amor na vida de nossos irmãos e irmãs, para o bem de toda a humanidade. Amém.