Nossa Senhora da Assunção e São José


97 - SABER CONTEMPLAR

 "O Senhor me deu em abundância essa oração, muitas vezes, creio que há cinco ou seis anos. Eu nem a compreendia nem seria capaz de descrevê-la e, chegando aqui, decidira dizer muito pouco ou nada. Eu entendia bem que não era uma união completa de todas as faculdades, mas que era claramente mais intensa que a precedente; mas confesso que não podia determinar nem compreender essa diferença. Creio que, pela humildade que vossa mercê revelou ao querer ser ajudado por alguém tão simples quanto eu, o Senhor me concedeu hoje, quando eu acabava de comungar, esse modo de oração, e eu não pude ir adiante. Ele me mostrou essas comparações, me ensinou a maneira de explicá-lo e o procedimento que a alma deve seguir aqui, sendo muito o meu espanto por ter compreendido logo. Muitas vezes estive desatinada e ébria desse amor, e nunca tinha conseguido compreender. Sabia que isso vinha de Deus, mas não como era a sua ação; porque, na verdade, as faculdades estão unidas quase por inteiro, mas não a um ponto que as faça deixar de agir. Gostei deveras de tê-lo compreendido agora. Bendito seja o Senhor, que mo permitiu!" (Livro da Vida 16,2)

 

 

Mais uma vez Santa Teresa nos convida para vivermos nosso relacionamento com Deus, através da contemplação!

Mas, como a gente poderia imaginar o jeito com que Teresa nos convida para vivermos esta contemplação?

Permitam que eu crie um exemplo, a partir de uma realidade tão simples, profunda e significativa.

Tente imaginar que você está olhando para uma mãe que está bem juntinho do bercinho, onde descansa seu amado filhinho.

Qual é a atitude desta mamãe?  Como está o semblante desta mulher? De que jeito está o olhar desta mãe para seu filhinho? O que você poderia imaginar que passa pela cabeça daquela mulher ao olhar silenciosamente para aquela criança? Como estaria exultando de gratidão o coração daquela mãe?Como grita forte... como faz um imenso barulho... o silêncio contemplativo desta mulher!

 

 

 

                                                                                  (designed by freepik)

A melhor definição para dar a este quadro onde vemos a mãe em atitude contemplativa, seria esta:

O SILÊNCIO GRITANTE DE UMA MÃE CONTEMPLATIVA!

É um silêncio contemplativo repleto de alegria, de gratidão, de amor, de gozo, de paz, de ternura, de lágrimas, de suspiros!

Tudo grita contemplação!

Nenhuma palavra! Silêncio total e absoluto!

As palavras só estragariam este lindo momento de contemplação!

Me parece que esta  é a oração a qual Teresa se refere no texto acima colocado.

É uma oração onde não queremos falar ou nos expressar através de palavras.

É uma oração onde sentimos o prazer e o gozo de apenas estarmos ali e de sentirmos naquele envolvente silêncio, a paz e a ternura de um Deus que nos envolve totalmente no seu infinito amor.

 Na verdade, precisamos recuperar a dimensão contemplativa!

Vivemos no meio de tanto barulho e de tantos ruídos que, por vezes, não conseguimos mais viver e experimentar este silêncio contemplativo.  

São tantas as vezes em que acabamos transformando até mesmo a oração em busca de produção.

E, não! A oração é contemplação que nos leva a sabermos contemplar o mundo e o que nele existe.

Quem não é capaz de contemplar desta forma, acaba se esvaziando interiormente e por isso, acaba perdendo a capacidade de ter um olhar contemplativo para a terra, para a criação. Por falta deste olhar contemplativo, deixamos de ver a terra como dom, e acabamos por buscar nela algo para ser explorado com fins lucrativos.

Quando contemplamos, descobrimos nos outros e na natureza, algo muito maior do que sua utilidade.

Quando contemplamos, somos capazes de ver um pouco além daquilo que estamos vendo.

Quando contemplamos, somos capazes de descobrir que na pessoa daquele pobre morador de rua, existe alguém é muito mais importante do que a pobreza que ele nos apresenta.

Quando contemplamos, deixamos de olhar julgando e condenando, para olhar amando, do jeito que Jesus amava.

Será que o olhar de Jesus para Mateus, para Maria Madalena, para a mulher adúltera, para Zaqueu... será que estes e tantos outros olhares de Jesus, não foram todos olhares contemplativos,  que mudaram a transformaram a vida daquelas pessoas?

Saber cultivar este modo de rezar de uma forma contemplativa, nos leva a viver imensamente a contemplação dos outros e da criação.

 

QUEM AMA, CUIDA!

Sim, quem ama sabe cuidar de si, dos outros, da natureza!

Quem ama, sabe cuidar, porque cuidando saberá tudo ver,  um pouco além das aparências e vendo um pouco além das aparências, saberá  experimentar e sentir a alegria e o gozo da contemplação.

Quem ama, sabe cuidar e cuidando, sabe viver a alegria de se maravilhar e de se encantar com a vida e com aquilo que nela encontramos.

Para sermos mais felizes...

Para vivermos com mais alegria e com mais sentido...

Para recuperamos a capacidade de nos admirar e de nos encantar...

Precisamos, sim, recuperar A ARTE DE SABER COMTEMPLAR!

Pegue o pincel e retrate na tela de sua vida, esta belíssima imagem, onde você está envolto nesta nuvem contemplativa, da qual explode um silêncio que reflete a alegria de quem está nos braços do Pai e se encanta pelo mundo que o Pai lhe deu.

 

Rezemos com as paralavras de Santa Elisabete da Trindade:

" Ó meu Deus Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para fixar-me em Vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar-me a paz nem me fazer sair de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto eu me adentre mais na profundidade de vosso Mistério. Pacificai minha alma, fazei dela o vosso céu, vossa morada preferida e o lugar de vosso repouso. Que eu jamais vos deixe só, mas que aí esteja toda inteira, totalmente desperta em minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à vossa Ação cridadora." Amém.